Achamos que antes de eu falar de Arte Feia, algumas coisas precisavam ser explicadas. Por exemplo: quem sou eu?, o que é Arte Feia?, o que faz uma Arte Feia ser boa?, qual é o corte? São questões complexas que aqui tento introduzir.
Todos os anjos são filhos de @/deus - Arte feia sob tela do computador ou celular (2018) (Arte: Clara Browne) |
Uma Arte Feia e eu meio feia pra combinar (Foto: acervo pessoal de Clara Browne) |
Também digo aqui que eu amo arte. Eu tenho opiniões muito fortes sobre todas, e eu gosto muito de artistas sérios e consagrados, como Yves Klein, Basquiat e Lygia Clark, se for pra jogar uns nomes espertos. Mas se for pra escrever coisa consagrada, eu faço mestrado e doutorado. Aqui, vou falar de algo muito mais importante e pouquíssimo olhado pelos críticos e estudiosos, um nicho gigantesco quando você para pra prestar atenção, a coisa mais assustadora e fascinante que existe na nossa sociedade: a Arte Feia.
Agora diferente de quem sou eu, que pode ser algo meio largado (até porque minha terapeuta me ensinou que a noção de um eu coeso é uma ilusão) (ILUSÃO!!!!!) é importante delinear o que é a Arte Feia. Não vou explicar o que é o o que, ou o que é o é pra isso. Leiam Heidegger se quiserem saber. Também não vou explicar o que é arte, porque esse é um debate interminável. Mas vamos usar aqui a definição capenga e ao mesmo tempo marota que veio com o Modernismo de que Arte É Tudo Aquilo Que Artista Faz. Ou seja (mas mais ou menos): arte é qualquer coisa. Você só tem que Querer que essa qualquer coisa seja arte. Mas Arte Feia não é qualquer coisa que você quiser.
Sabe aquela coisa que você odeia tanto que você ama? Aquela coisa que é tão horrível que te faz rir descontroladamente? Aquela imagem tão absurda que faz até o caos ao seu redor parecer razoável? É disso que eu tô falando. É o inexplicável. É a essência do Nada A Vê. É o que alguns chamam de Calamidade. É o Borba Gato, pai da Arte Feia. É a camisa nada a vê do Pluto que eu achei na Zara uma vez. Os leões da Grécia Antiga. O sapato Crocs na cor roxa. São as vacas mais feias da Cow Parade. É, talvez, a existência da Cow Parade por si só. São os bbs Jesus renascentistas.
A Arte Feia atravessa os séculos, desconhece limites geográficos, não se retém a uma única forma, objeto ou artefato.
A Arte Feia é um objeto visual que transcende a necessidade de uma única forma. Pode ser um quadro, uma estátua, uma blusa, um detalhe de uma fonte no parque Trianon. A Arte Feia transcende a própria noção de objeto, fazendo dele Algo Além. É o mesmo sentimento quando você vê um quadro que você gosta. É a mesma admiração, a mesma contemplação, mas às avessas. É algo que você olha e você simplesmente Sabe. É uma experiência transcendental e contemplativa.
A Arte Feia é um objeto visual que transcende a necessidade de uma única forma. Pode ser um quadro, uma estátua, uma blusa, um detalhe de uma fonte no parque Trianon. A Arte Feia transcende a própria noção de objeto, fazendo dele Algo Além. É o mesmo sentimento quando você vê um quadro que você gosta. É a mesma admiração, a mesma contemplação, mas às avessas. É algo que você olha e você simplesmente Sabe. É uma experiência transcendental e contemplativa.
A camisa nada a vê do Pluto que eu devia ter comprado (Foto: acervo do Instagram Stories de Clara Browne) |
Se você não entendeu perfeitamente o conceito, não tem problema. Afinal, esse aqui é apenas um blogspot.com, não um livro teórico. É por isso também que você está lendo: porque é apenas um blogspot.com, não um livro teórico. E eu te respeito por isso. E também entendo que existe um poder nisso, uma potência. E, por isso, por causa dessa potência, que hoje te convido a deixar o mundo mais FELIS junto a mim e à Arte Feia.
Clara Browne é uma pessoa, não um bolinho. Borba Gata é sua coluna para falar de Arte Feia e filosofias de botequim quando enjoar de tanta Arte Feia. Você pode encontra-la no instagram @brownebrownie, no tuíter @BrowneBrownie, na sua newsletter ou na sua casa, mas essa aí fica pros íntimos.
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