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sexta-feira, 7 de junho de 2019

Também sou hype e odeio isso: uma visita ao Tokyo 東 京

- Quem é moderno aí, meu?

Tudo começou a dar errado quando a MTV Brasil - aquela MTV Brasil com a Sarah apresentando o Disk, o canal que me fez querer ser a Marina Person, aquela MTV do Beija Sapo e do Hermes e Renato - acabou. A MTV não era um canal perfeito, mas nos seus melhores momentos ela era capaz de um humor quase anárquico e bastante autoirônico que faz falta nos dias de hoje. O mundo não ficou mais chato por causa do politicamente correto, o mundo ficou mais chato porque a gente não assiste mais Hermes e Renato.

A MTV conseguia rir de si e do seu próprio público sem cair no cinismo que percebo hoje de pessoas que não se permitem gostar de nada, estão o tempo todo brigando pra ver quem é mais autêntico, correto e desconstruído sem construir nada ou enxergar as próprias contradições, enquanto do outro lado têm os sem noção de sempre. A MTV e a cultura jovem criada por ela era muitas vezes ridícula, mas pelo menos ela sabia disso e dava umas risadas.



Toda essa reflexão pra dizer que odiei o ter amado minha primeira visita ao complexo Tokyo 東 京.


Same energy
(Fonte: perfil oficial de Barbara Reis, amiga pessoal e referência em juventude)

Para o complexo Tokyo 東 京 , definir-se é limitar-se. "Rooftop, bar, karaokê, restaurante, exposições, cinema, teatro, design, tattoo, experimentações, instalações, pista de dança com vista para o Copan e o Edifício Itália", é como se apresenta o estabelecimento em sua página oficial. No mesmo site, somos informados que o complexo Tokyo 東 京 fica localizado em "um prédio modernista e tombado de 9 andares, idealizado pelo arquiteto Oswaldo Arthur Bratkeem 1949, bem no meio do coração de São Paulo".

Em sua página no Facebook, o conceito do Tokyo 東 京 é expandido: "Um Bar no Terraço de um prédio. Karaokês inspirados nas noites de Shibuya. Um Restaurante com o clima da capital japonesa. E uma Pista de Dança na cobertura. Tudo isso no mesmo lugar. No centro de São Paulo."

Que raiva de tudo nesse texto!!!!


Minha visita ao complexo Tokyo 東 京 se deu no fim de tarde de um belo domingo de outono, e ouso dizer que essa é a melhor circunstância para se conhecer o local (guarde essa informação). De acordo com o calendário de festas, era dia de Tieta, evento que promete discotecagem de música brasileira na cobertura (rooftop) do prédio, o que você pode traduzir como "festa da esquerda festiva", termos que minha amiga usou ao me convidar na referida ocasião.

Disse que odiei ter adorado a experiência porque poucas vezes me senti tão parte de um TARGET como dentro do complexo Tokyo 東 京. Por conta de sua intensa presença digital na rede social Instagram, era de se pensar que eu estivesse imune aos encantos do local, como a vista do terraço (rooftop) e os letreiros engraçadinhos de neon, mas assim que alcancei o nono andar fui atraída como uma mariposa para o letreiro "ME ABRAÇA ME BEIJA". É claro que tudo ali foi pensado pra isso, para que pessoas como eu se encantassem e fossem quase obrigadas por forças superiores a parar e tirar várias fotos.

Eu era tão o público alvo daquele evento que até mesmo as músicas que tocavam pareciam saídas diretamente da playlist SUCO DE BRASIL (prestigiem!!), de minha autoria, que não tem nada de original e ousada, e esse é justamente o ponto. No complexo Tokyo 東 京, fui forçada a encarar o fato de que no fundo eu sou mesmo uma grande basiquinha. Esse encontro com minha própria banalidade foi importante pra lembrar que quase ninguém é tão especial e único assim, todo singelinho é um bichinho de matar com pedra em potencial. Talvez o seu ponto fraco não seja a mistura de luzes neon em prédios velhos de arquitetura modernista e uma playlist com Timbalada e Banda Eva, mas pouca gente está a salvo de ter sua personalidade traçada numa reunião de publicitário.

Eis aqui um exercício de humildade para essa sexta-feira: que tipo de música o Hermes e Renato faria sobre você?

Meu nome é Anna Vitória e eu contribuo para a publicidade espontânea da cena alternativa de São Paulo e de grandes marcas de cerveja (Foto: acervo pessoal)
E como o grande clichê que sou, é claro que minha sala favorita do complexo Tokyo 東 京 foi o karaokê. A fila pra cantar estava gigante, e a funcionária responsável, além de zoar meu nome, acabou esquecendo de me colocar na lista e eu e meus amigos tivemos que ir embora sem cantar. Mesmo assim o ambiente era agradável, propício para amizades espontâneas, acolhedor pra todo mundo que quisesse cantar junto, as pessoas tinham um excelente repertório e todo mundo parecia ter mais de 25 anos. Acredito que esse cenário mude nos dias e horários mais convencionais para uma casa noturna, mas eu gosto é de festa que acaba cedo e que começa quando os jovens ainda estão se recuperando da ressaca de sábado.

A grande surpresa da noite ficou por conta do casal hétero mais coxa do local, que parecia completamente deslocado, mas que em determinado momento da noite surpreendeu a todos com um inspirado dueto de Cher - Believe.

Preciso dizer que a sala do karaokê tem uma placa com a foto do Bill Murray, e eu disse "ah não" quando vi, mas a verdade é que eu ainda choro sempre que vejo Encontros e Desencontros e lamentei que o local não tivesse perucas cor-de-rosa à disposição - eu assumiria o risco de pegar piolho de desconhecidos para viver essa experiência. Fica aí a sugestão para o complexo Tokyo 東 京.





O único aspecto em que não me encaixo no público alvo do complexo Tokyo 東 京 é em relação ao poder aquisitivo. A entrada nesse dia era gratuita, mas o preço das coisas no bar era meio intransponível, ainda mais para o último domingo do mês. Tomei uma long-neck de R$13 e lembrei por que não frequento baladas de São Paulo. Minha amiga pagou R$10 por uma água de coco.

O saldo final fica por conta da música da finada banda NX Zero que não tive a chance de cantar: entre razões e emoções a saída é fazer valer a pena. Pra mim valeu.

8/10

sábado, 18 de maio de 2019

Juntos e Shallow now: versão brasileira é tudo de bom

A coisa mais insuportável da internet essa semana foram as pessoas rasgando o cu por conta da notícia que Paula Fernandes e Luan Santana vão lançar uma versão nacional da canção "Shallow", trilha de Nasce Uma Estrela, originalmente interpretada por Lady Gaga e Bradley Cooper. Horrível estar em situação de defender Paula Fernandes, mas a música é brega desde a sua primeira versão e nasceu pra isso (tumdumtss), ou seja, agora a coisa só tende a melhorar. Diferente do que aconteceu com o filme, com essa nova canção finalmente teremos um motivo para sorrir.

Tudo bem que a tradução "Juntos e shallow now" pegou todo mundo de surpresa, mas esse tipo de versão não deveria ser novidade para quem mora no Brasil, já que isso é feito desde a Jovem Guarda (fonte: o caso mais antigo que consegui lembrar de cabeça) e Sandy & Junior não estaria aí lotando estádio com ingresso de R$300 se não fosse a Laura Pausini e a Celine Dion.

http://twitter.com

Como bem disse Chico Barney em tweet profético, essa versão brasileira é propriedade moral da dupla e aposto que eles conseguiriam dobrar o tamanho da turnê se "Shallow" fosse o hit do retorno. Felizmente temos aí 20 anos de carreira para fazer um resgate das melhores e mais improváveis versões brasileiras imortalizadas (spoiler!) pelos irmãos que fizeram carreira interpretando canções românticas numa época em que ninguém achava isso estranho.

Com a ajuda do Twitter e dessa playlist preciosa da Ju Gaspar, selecionei alguns destaques entre versões brasileiras by Sandy & Junior e como bônus coloquei alguns grandes momentos internacionais da música muito popular brasileira.